Tenho dificuldade em conformar-me com qualquer tipo de teologia que não tenha como premissa a graça e que não tenha como alvo a transformação do nosso ser para aprendermos a amar. Tenho dificuldade em aceitar um cristianismo demasiado virado para questões doutrinárias teóricas e não centrado nas necessidades e dilemas dos homens e mulheres de carne e osso. Tenho dificuldade em aceitar um cristianismo impregnado de tradição religiosa e carente de autenticidade nos relacionamentos. Quero viver um cristianismo essencialmente prático e relacional no qual não tenha que fingir que sou um herói da espiritualidade. Quero poder assumir que sou um discípulo do mestre nazareno que falha constantemente mas que, ainda assim, está em constante aprendizagem. Quero poder abrir mão do pretensiosismo que me diz que tenho que ter respostas para todas as perguntas. E quero, sobretudo, aprender a amar.
O meu cristianismo ainda é muito marcado pela religião. Às vezes dou por mim a tentar relacionar-me com Deus através de práticas que têm muito mais de superstição do que de sinceridade. E dou por mim constantemente a julgar as pessoas à minha volta em vez de as amar. A minha oração é que Deus me ajude a inverter esta tendência e a cada dia dar mais passos na direcção do alvo do meu relacionamento com Ele: ser mais parecido com Jesus. E a minha esperança é que eu não tente fazer isto sozinho, mas que possamos fazê-lo juntos, em comunidade, animando-nos uns aos outros, aprendendo uns com os outros, levando as cargas uns dos outros.
Não se deve ler neste epílogo uma crítica (ou, caso se entenda isto como crítica então que se entenda também que a dirijo em primeiro lugar a mim próprio). Estas são as minhas reflexões e nelas pretendo apenas apontar um caminho que estou a descobrir à medida que estudo a Bíblia, à medida que conheço Jesus e à medida que conheço pessoas fascinantes que estão a caminhar neste caminho. O caminho do amor ao qual Paulo chamou “o caminho mais excelente” (I Coríntios 12:31)
O caminho inaugurado numa rude cruz há quase dois mil anos atrás.
“we are made of love,
And all the beauty stemming from it.
We are made of love,
And every fracture caused by the lack of it.”
Needle and Thread, Sleeping at Last
Sem comentários:
Enviar um comentário